28 de fevereiro de 2011

O melhor do novo Passat você não vê

Identidade visual da VW começa a dar sinais de cansaço na nova geração. O consolo é que ele está cada vez melhor de dirigir


Por sua beleza e clima agradável, Barcelona foi escolhida para o test drive inaugural do novo Passat. E que boa escolha! A capital da Catalunha convida à contemplação. Banhada pelo mar Mediterrâneo, exibe por todo lado influências dos povos que ali viveram e deixaram marcas na arquitetura local – do bairro gótico ao Arco do Triunfo, que lá não simboliza conquistas militares.
A cidade espanhola aguça o olhar de quem a visita. Assim, evidencia: apesar de continuar elegante, o sedã da VW perdeu personalidade com a nova identidade visual da marca. O desenho da dianteira veste os modelos da montadora como um uniforme, deixando-os muito parecidos. No Passat, até há uma tentativa de diferenciação. A grade dianteira é um pouco mais angulada e fica praticamente na mesma altura dos faróis, agora com luzes diurnas de led. Além disso, frisos cromados contornam a parte inferior do carro. Ainda assim, fica a sensação de déjà vu – reforçada pelos retrovisores do Passat CC e por faróis e lanternas que evocam o malsucedido Phaeton.

A reestilização dessa sétima geração inclui a troca de todos os painéis da carroceria (exceto os do teto), mas não muda as dimensões do modelo. O para-brisa também mantém o formato anterior, só que agora com filme acústico, que deixa a cabine mais silenciosa – novos materiais isolantes no painel e nas portas ajudam na tarefa.
E já que entramos no Passat, vamos nos acomodar, e bem. Os bancos renovados oferecem bom apoio ao corpo e ainda encosto de cabeça regulável na horizontal. Isso sem falar dos sistemas de massagem e climatização, que devem ser de série no Brasil – aqui só teremos a versão topo de linha Highline. Apliques de madeira ou aço escovado dão ar sóbrio ao Passat, bem como o relógio digital logo acima do monitor central. Os detalhes cromados aparecem de novo, mas o destaque fica para a nova distribuição de comandos ao redor do câmbio. É ali que estão os botões do freio de estacionamento e da partida.

Com a chave no bolso, faço o Passat despertar. Sob o capô, uma das dez opções de motores disponíveis – infelizmente, o 1.8 de 160 cv, e não o 2.0 turbo prometido para o mercado brasileiro, com 211 cv e injeção direta. Seguindo as instruções do GPS (mais lentas do que o ideal), passamos pela idílica paisagem rural de Masquefa, a 35 km de Barcelona. Entre os vinhedos, o propulsor mostrou bom fôlego e não nos deu motivo para duvidar do 0 a 100 km/h divulgado pela VW (8,5 s). A unidade avaliada estava com o suave câmbio DSG, de sete marchas. Ele trabalha bem sozinho, mas fica mais ágil quando acionado pelas hastes atrás do volante.
Nossa rota incluiu longo trecho sinuoso, onde o Passat mostrou que conforto pode, sim, estar associado a agilidade. Com o bloqueio eletrônico transversal do diferencial XDS, emprestado do Golf GTI, ele não escapa nem nas curvas mais fechadas – onde o sistema atua sobre a tração. A suspensão independente ajustada no modo Sport deixa o sedã ainda mais à mão. A direção elétrica é leve, mas ganha peso na medida certa, e o controle de estabilidade faz correções precisas, caso necessário. Os bons freios transmitem confiança em todas as condições.


Para completar, a VW equipou o modelo com quase 20 sistemas de assistência ao motorista. O pacote inclui detector de fadiga, que ao identificar sinais de cansaço emite um alerta sonoro e recomenda uma parada, via computador de bordo. Se o condutor não para, o alarme soa após 15 minutos. Há ainda mecanismo para controle do facho do farol alto, entre outros (veja no box).
O Passat chega ao Brasil no segundo trimestre de 2011 com preço estimado em R$ 120 mil. Vai encarar o líder do segmento, Hyundai Azera, além do novato Kia Cadenza. Páreo duro para o sedã alemão...

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