23 de julho de 2011

Teste na BMW X1 XDRIVE 28I



                                   BMW X1 xDrive 28i

Pisa tudo, pisa tudo!” Não fosse a adrenalina, pediria para alguém me beliscar para ter certeza de que não estava sonhando. Por meio de um rádio de comunicação, deixado no console do carro, um técnico da BMW me instigava a acelerar o novo X1, em plena pista de Interlagos, uma atitude inesperada para um representante de qualquer marca com algum juízo, numa situação semelhante. Reforçando o entusiasmo de meu instrutor e contrariando o costume das fábricas nessas ocasiões, a pista estava limpa, sem chicanes ou outros artifícios para promover a redução da velocidade. “Pode provocar [a saída de traseira]”, dizia o funcionário, quando eu saía do Mergulho e me aproximava da Junção.

O test-drive durou pouco (dei quatro voltas), mas foi divertido e esclarecedor – o que era o objetivo da fábrica. Ao incentivar os jornalistas a acelerar, a BMW queria mostrar os recursos do X1. Na reta principal, o primeiro a aparecer foi o motor 3.0 de seis cilindros em linha e 258 cv, que depois, na pista de testes, fez o X1 acelerar de 0 a 100 km/h em 8,4 segundos. No fim da reta do autódromo, o X1 atingia 190 km/h, e isso dava a oportunidade de avaliar a eficiência dos freios – que, em Limeira, pararam o carro de 80 km/h a 0 em 24,3 metros, uma marca digna de esportivo. O S do Senna, a seguir, serviu para ver como o carro obedece aos comandos da direção e também o trabalho da suspensão. O X1 tem estruturas com múltiplos braços na dianteira e duplo A na traseira. Para o equilíbrio também contribuíram a elevada rigidez torcional da carroceria e a divisão de peso na razão de 50% para cada eixo.

Nintendo Wii
O mesmo técnico que mandava pisar fundo queria agora que eu observasse como o X1 faz curvas em alta velocidade sob controle. O local, no caso, era a curva do Sol, que vem depois do S. Esse ponto do autódromo eu aprendi a contornar deixando o carro escapar levemente de frente, de modo que ao fim da manobra ele já estivesse posicionado para acelerar na reta oposta. Mas, ao volante do X1, surpreendi-me ao notar que o carro seguia a trajetória definida pelo volante como se estivesse em um trilho.

A sensação é a de “pilotar” o Nintendo Wii da minha filha, quando “piso” até o fim do curso do acelerador e cuido apenas do volante. Segundo a BMW, isso ocorre graças ao sistema de tração integral xDrive, que distribui eletronicamente o torque entre os eixos. Nas curvas, o xDrive manda maior volume de torque para o eixo traseiro para conseguir mais agilidade e evitar as saídas de frente. Depois, quando sai da curva, o sistema retorna imediatamente ao modo standard, em que a força é distribuída na proporção de 40% para a frente e 60% para trás. O xDrive se orienta pelos sensores do controle de estabilidade DSC (Dynamic Stability Control) para monitorar a aderência e evitar que as rodas “apresentem a menor tendência a girar em falso”, segundo a fábrica. E, se as rodas não giram em falso, não há escorregamento – por isso o X1 não escapava na curva do Sol.

Mas a razão de existir do DSC, como seu nome diz, não é apenas monitorar o comportamento do carro. Dependendo da situação, ele entra em cena para frear o carro (atuando diretamente nas rodas) ou reduzir o torque (por meio da central do motor) – como ficou claro no miolo do autódromo, onde as curvas são mais fechadas e eu pude provocar o X1 a sair de traseira. Perceber o carro freando uma das rodas ou cortando o motor por iniciativa própria não é uma sensação agradável. Mas, pelo menos, significava a garantia de que eu conseguiria cumprir a trajetória.

Antes de entrar no miolo, percorri a reta oposta, quando, devidamente orientado, conferi o funcionamento do câmbio automático de seis marchas, que é capaz de reduzir mais de uma marcha de uma só vez, de quarta para segunda, por exemplo, dependendo da forma como o motorista pisa no pedal do acelerador. De volta à pista de testes, esse recurso foi útil na medição das retomadas de velocidade. De 60 a 100 km/h, por exemplo, o X1 gastou meros 4,5 segundos.

Pena que no dia a dia o proprietário do X1 não poderá experimentá-lo como em um circuito seletivo como o do autódromo de Interlagos. Mas é bom saber que todos os recursos divertidos na pista se traduzem em segurança nas ruas.

“Cão rosnando”
Com a atenção concentrada no comportamento do carro, mal pude reparar em outros aspectos, o que fiz depois, a caminho da pista de testes. À primeira vista, o BMW X1 é um carro difícil de enquadrar em uma das categorias conhecidas. Por fora, ele parece uma perua. Por dentro, um sedã. A fábrica o classifica como SAV, Sport Activity Vehicle, o que seria diferente de SUV, Sport Utility Vehicle, embora ele seja irmão caçula dos utilitários esportivos X5 e X3. Seu design é estranho, reúne contornos suaves, como o das lanternas traseiras, e elementos agressivos, como a dianteira, com a dupla grade maior que a aplicada aos sedãs e na posição vertical – que minha filha definiu como a expressão de um “cão rosnando”, assim que viu o X1 na garagem.

Melhor que tentar definir o X1, porém, é desfrutar o conforto interno, o acabamento e os equipamentos. A cabine oferece espaço de sedã médio. O motorista é o centro das atenções do projeto ergonômico, mas os passageiros não podem reclamar de falta de conforto. Os bancos dianteiros são elétricos e o encosto traseiro é repartido em três seções, na proporção de 40/20/40, que podem ser reclinadas de acordo com o gosto das pessoas e com a necessidade de espaço no porta-malas, cuja capacidade começa em 420 litros e pode chegar a 1350 litros. Entre os equipamentos a bordo, arcondicionado digital automático, computador de bordo, teto solar panorâmico, piloto automático e sistema auxiliar de estacionamento com câmera traseira. O acabamento no painel é de madeira legítima, mas o couro dos bancos é sintético.

A versão xDrive 28i mostrada aqui é a topo de linha. Ela é equipada com motor 3.0 de 258 cv e chega agora ao preço de 174 900 reais. Mas haverá uma opção mais simples, a 18i, com motor 1.8 de 150 cv, que estreia em junho e custará 119 000 reais. Será menos sofisticada e equipada. E provocará menos adrenalina que a 28i ao volante.



DIREÇÃO, FREIO E SUSPENSÃO
A direção é segura, os freios são eficientes (mas barulhentos, quando o ABS entra) e a suspensão garante equilíbrio.
★★★★

MOTOR E CÂMBIO
O motor entrega bom desempenho com baixo consumo. E o câmbio é bem esperto.
★★★★★

CARROCERIA
O estilo não chega a ser hipnótico, mas de perto é mais bonito que nas fotos.
★★★★

VIDA A BORDO
Espaço, porta-trecos, bancos reclináveis e mimos como teto solar fazem a vida a bordo mais bela.
★★★★★

SEGURANÇA
As leis da física não foram revogadas, mas o X1 ampliou os limites da segurança a bordo.
★★★★★

SEU BOLSO
Mais caro que o Volvo XC 60 e mais barato que o Audi Q5, ele terá uma versão de entrada ainda mais acessível.
★★★★



OS RIVAIS


Audi Q5 2.0T FSI
Custa 205 000 reais. Equipado com motor 2.0 T, de 214 cv, é mais sofisticado no acabamento e nos equipamentos.


Volvo XC60 Top
Maior que o X1, tem motor 3.0 V6 de 285 cv. Levou 5 estrelas quando foi avaliado por nós.



VEREDICTO

Seu visual não é arrebatador, mas o X1 é pródigo em virtudes, da versatilidade (por ser um utilitário compacto) até o desempenho superior, passando pelo conforto e pela segurança. Seu preço é competitivo.


http://quatrorodas.abril.com.br/carros/testes/bmw-x1-xdrive-28i-548864.shtml

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