20 de fevereiro de 2011

Countryman: Mini em maiúsculo

A tradicional família de compactos apresenta seu primeiro grande modelo

Se existe uma cidade alemã que ajuda em experiências inglesas, essa é Hamburgo. O caso mais notório aconteceu em 1963: foi lá que uma banda de novatos ingleses decidiu trocar o nome de Silver Beetles para The Beatles, adotando um novo estilo de tocar rock. O que veio a seguir, todo mundo conhece. A inglesa Mini tenta apostar na fórmula de sucesso, pois escolheu a mesma cidade para lançar seu primeiro modelo de estilo aventureiro, o Countryman.
A cidade portuária é mais conhecida por ser o berço de uma das maiores transportadoras marítimas do mundo, e não pela presença de boas trilhas. Porém, a falta de identificação com a terra também se aplica ao Countryman. Sua missão não é enfrentar barro e cascalho, mas testar os limites da marca. Afinal, o quanto se pode mudar um Mini até que ele deixe de ser um Mini?
A ousadia começa no tamanho do modelo, o primeiro a ultrapassar os quatro metros de comprimento (ele tem 4,097), o que quebra um paradigma presente até no nome da marca. Mas isso em nada feriu seu DNA, já que sua proporção ainda o torna bem pequeno ao lado de outros utilitários de vocação urbana. O espaço extra traz outra inovação: agora há quatro portas, que tornam o modelo bem amigável para famílias. Cresceram também a grade dianteira, as lanternas e os arcos dos para-lamas, que abrigam rodas de aro 17 e pneus de perfil baixo 205/55. Isso cria um visual bem robusto para um modelo de origem tão compacta.

Não queria abusar da beatlemania, mas a ocasião se impõe. Afinal, foi também em Hamburgo que os garotos de Liverpool conheceram o corte de cabelo que adotariam no início de carreira, batizado de “moptop”. E o Mini? Bem, a fim de manter seu visual característico, mas agregando algo novo, a marca adotou um “teto flutuante” de linhas mais aerodinâmicas, com colunas pintadas de cor diferente do restante do carro. É praticamente um cabelo tigelinha. Ele ameniza o aumento das proporções e dá espaço para uma janela extra na terceira coluna, que ajuda nas manobras. Soluções criativas para oferecer o aventureiro que os fãs da marca jamais poderiam ter concebido.
Embora conte com sete versões, o Brasil terá apenas três à venda: Cooper, Cooper S e Cooper S All4. Não serão oferecidas a opção de entrada One, nem as motorizações a diesel. Mas não será grande perda, já que o motor 1.6 a gasolina tem ótimo desempenho e desenvolve mais potência (122 cv ante 112 cv no Cooper). O Cooper S a gasolina tem 184 cv, por conta do turbocompressor. Ele roda silenciosamente tanto em baixas rotações quanto em altas, e o consumo durante o trajeto de 200 km ficou em 10,5 km/l na versão Cooper S All 4, que merece um parágrafo só para ela.


Apesar do trajeto de terra disponível para avaliação não ser tão off-road assim (já vi ruas mais irregulares em trechos urbanos de São Paulo), a tração integral mostrou trabalhar muito bem, graças ao sistema eletrônico inteligente que direciona a força automaticamente para o eixo que mais precisa dela. O processo é automático e pode dividir a tração entre eixo traseiro e dianteiro em qualquer porcentagem. A suspensão (McPherson na dianteira e multilink na traseira) também foi retrabalhada, proporcionando maior conforto em terrenos mais exigentes. Mas o Countryman não deixa esquecer que há um S no nome da versão e também se sai bem como esportivo. As respostas rápidas nas trocas manuais empolgam, seguindo sem qualquer desânimo até a 6ª marcha – a 200 km/h em uma típica Autobahn alemã, ultrapassando alguns Audis e Mercedes. Afinal, no DNA da Mini também há as letras BMW, sua controladora.
Por dentro, o porte do Countryman faz diferença. A posição de dirigir é elevada e dá uma boa visão. Os confortáveis bancos têm ares esportivos. Enquanto os traseiros oferecem bastante espaço para as pernas, os dianteiros ficam devendo apenas um ajuste mais preciso. Os desenhos com inspirações aeronáuticas (nas saídas de ar, comandos e painel de instrumentos) conferem personalidade única ao utilitário da família.
A versão All4 também traz inovações, como o trilho central estilizado que divide os dois bancos traseiros. Além de abrir mais espaço para os ocupantes, ele serve como “porta-trecos” e pode receber acessórios variados para servir de suporte para óculos, latas, balas, iPods ou celulares. O trilho (vale lembrar que os bancos traseiros não correm sobre trilhos) também pode ganhar cor personalizada, seguindo o que ocorre com qualquer item dos carros da Mini. Se não gostar da inovação, o interessado pode trocar por um banco inteiriço tradicional, sem pagar nada a mais por isso.

Um sistema que em breve migrará para outros carros da marca é o Mini Conected, interface multimídia que permite controlar GPS, CD player, celular, iPod e até algumas páginas da internet, como Google e Twitter (quer informar seus amigos quanto de combustível você está gastando?). Os comandos são bem intuitivos e a grande tela no console central – cercada pelo gigantesco velocímetro analógico – garante ótima visibilidade. Ainda não se sabe quais serviços estarão disponíveis no Brasil, já que o sistema depende de boa cobertura 3G para funcionar.
A Mini fala em disputar mercado com a Land Rover, com preço inicial em torno de R$ 110 mil. Assim como em outros de seus modelos, a marca aposta nas características-símbolo como atrativos. Na teoria, ser um Mini já vale o preço extra para muita gente. E a expansão de limites promovida com o Countryman ajudará bastante em futuras apostas. As versões cupê e roadster vêm aí.


Fonte: AUTO ESPORTE

Nenhum comentário:

Postar um comentário